Às vezes, ficamos com um gosto amargo na boca, como se a vida nos devesse algo. Às vezes a vida passa os olhos por nós e ela também fica com um gosto salgadinho em sua boca como se nós devêssemos algo a ela.
Afinal, quem deve pra quem? Nós devemos ou a vida deve para nós?
Certamente, o nosso primeiro pensamento é de que a vida nos deve algo: uma casa bonita, um carro mais potente, uma conta bancária recheada, um filho mais obediente, uma filha mais carinhosa, um cunhado menos folgado, uma sogra menos intrometida, um marido mais amoroso, uma esposa mais mulher e menos mãe... Ou seja, a humanidade segue exigindo da vida. Seguem os pedidos, os sonhos, os desejos, as vontades.
Provavelmente, ao ler esse texto, pensarão consigo mesmos: “Quanta coisa a vida me deve”. Muitos leitores buscarão, no fundo de seus corações, desejos secretos, sonhos sonhados à noite sem a presença da lua... Sonhos e desejos.
Entretanto, alguém já se perguntou “O que eu devo à vida?”.
Quanto nós já tivemos ou já ganhados hoje mesmo, desde que acordamos e não nos damos conta de que foram ganhos? Acordar é ganhar mais um dia... Mais uma chance para sermos felizes. Ao abrirmos os olhos a cada dia, ganhamos a oportunidade de refazermos tudo que num momento de nossa vida erramos. Ganhamos a chance de repensarmos sentimentos, atitudes. De juntarmos força para enfrentarmos a vida... Os desafios, os problemas. A vida, todos os dias enfrenta um problema uma dúvida: dar ou não a chance para que você de desperte, ou te manter num sono eterno? A vida pondera suas atitudes do dia anterior, da semana passada, do ano que já passou, das décadas que você já viveu e que teve inúmeras chances de recomeçar. Após esse momento de reflexão, a vida te presenteia com o despertar.
Tem dias que você desperta com um lindo sol, noutros, com uma chuva gostosa, chuva que mata a sede da terra. Há dias que seu dia será repleto de dúvidas, noutros serão recheados de momentos felizes. E o que não deu certo... A vida te dará outro dia para repensar, refazer, renascer.
Infelizmente, em muitos momentos você, eu, nós não damos à vida o que ela merece... Ficamos em dívida com ela. Há dias que queremos rir... Noutro queremos chorar... Noutros não queremos quase nada... Há dias que ficamos devendo tudo.
Afinal, quem deve o quê? Nós à vida, ou a vida a nós?
Eis a dívida.
Seja um cidadão fora da lista de maus pagadores. Deixe a sua vida em dia. Sempre. Eu vou tentar a minha dívida com a vida sempre em dia. A cada encontro nosso, trarei para vocês um pouco da minha contribuição com a vida.
Até o nosso próximo encontro.
Cláudia de Villar
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