terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A difícil tarefa de esperar

Passamos a vida esperando por algo ou alguém. Se prestarmos bem atenção, a nossa vida é feita de espera. Esperamos um novo dia, uma nova noite, uma nova chance, um novo emprego, uma nova atitude, um novo prato, uma nova bebida, o fim de um livro, de uma novela, de um telejornal ou o fim de uma saudade.
Esperar faz parte do ser humano. Esperamos o início do ano letivo, depois esperamos as provas, depois das provas vêm as notas, um novo trimestre, um novo Natal, um novo final de ano e outro carnaval. E, dessa forma, o tempo não espera a nossa longa espera e ele vai passando. E nós nem percebemos o seu movimento.
Um dia, de repente, encontramos na rua ou em redes sociais, um amigo da época da nossa juventude ou de quando éramos crianças e BUM! Pensamos cá com os nossos botões: “Nossa, como o #%#% envelheceu!”. Desse ponto até percebermos que o tempo também passou para nós é um clic.
E continuamos a esperar. Esperamos o primeiro beijo, o primeiro namorado, esperamos o dia do casamento, da chegada do filho, do neto, das eleições e uma nova chance de acertar. Esperamos uma novidade, esperamos uma saída.
As roupas vão secando no varal sem pressa e nós seguimos esperando que elas sequem o mais rápido possível porque vem chuva, a noite, a festa, a dança, o sorriso, o choro. E vêm outros dias, outras noites. Entre uma espera e outra vem alguns desencontros e passamos a esperar a dor passar, o trem passar e as folhas caem, os galhos voltam a florescer e o tempo vai transformando a espera em experiência de vida.
Pois bem, quando percebemos que podemos fazer muito mais do que esperar ou que esperar é perder tempo, eis que chega o que não estávamos esperando e as dores se fortalecem no corpo carregado de espera e nada não queremos esperar por ela.
Por fim, sem ser esperada durante toda a vida ela chega para todos. Para os ávidos de espera ou para os mais tranquilos no seu aguardo. E, quando não aguentamos mais o peso de tanta experiência contida, guardada num corpo que soube esperar muito, a nossa saída é voltar a esperar o alívio imediato e passamos a esperar pelo paraíso infinito.

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